Pela Memória do
CMG MÁRIO ALBERTO DIAS MONTEIRO SANTOS (1945-2017)
O nosso Camarada Amigo Mário Monteiro Santos faleceu no
passado dia 05 de Abril de 2017 em Oeiras, vítima de uma doença prolongada.
Ingressou
no curso "Hermenegildo Capelo" juntamente com outros 24 cadetes do
curso "Corte Real" e desde cedo se evidenciou entre nós pelo seu
caráter Nobre e possuidor de um Elevado Brio Militar, sempre muito Alegre e Jovial,
mas um tanto reservado e pouco participativo nos nossos "graneis"...
Numa
palavra: ele era um "Gentleman"!
Bem
atento ao Lema "Homens de Ferro em
Navios de Madeira", iniciou em 1968 a sua Carreira Naval nos
Draga-Minas, tendo tirado a especialização de "Fuzileiro Especial" em
1969 e voluntariando-se para prestar serviço numa Companhia de Fuzileiros no
Comando da Defesa Marítima da Guiné, onde começou por comandar um Pelotão, mas pouco
tempo depois, assumiu as funções de Imediato da Companhia pelo justo reconhecimento
das suas elevadas qualidades de Competência Profissional e de Liderança na
condução de homens no teatro de operações.
Aliás,
estas suas qualidades viriam a contribuir largamente para o sucesso continuado
da bem orientada atividade em campanha da sua Unidade e foram com plena justiça
bem realçadas num bonito louvor dado em Janeiro de 1971, pelo Comandante da
Defesa Marítima da Guiné.
Finda
esta sua comissão e já como 1º Ten. regressa à Flotilha de Navios Patrulhas para
comandar os NPR "Horta" e "Rosário", empenhando-se proficuamente
na "tarefa hercúlia" da sua reativação e do seu aprontamento, após o
longo período de imobilização a que estes dois Draga-Minas estiveram sujeitos e
tira também os importantes cursos de Aperfeiçoamento para "Comandante de Draga-Minas" e os de "OTC de uma Unidade de Rocegas " e do "Tactical Training for Officers and CIC
Personel".
Em
1980, destacou em acumulação para o Instituto Naval de Guerrra, para tirar com boa
classificação o "Curso Geral Naval
de Guerra".
Mas foi
sempre com o pensamento no mar que em 1982 se especializou em Navegação no
Instituto Hidrográfico, passando depois a prestar serviço nessa Unidade durante
5 anos e por ter sempre presente a preocupação latente do seu aperfeiçoamento
técnico, tirou também o curso para o "Planeamento
de Operações Navais", o do "Staff
Officers Orientation" e o de "Ace
Intelligence Officers".
Em
1987 foi-lhe atribuído o Comando da Corveta "NRP Oliveira e Carmo", cargo este que exerceu durante dois
anos com Muito Brio, Dedicação e Competência Profissional, tal como foi sempre o
seu apanágio.
Foi
chamado em 1991 à sua casa mãe da
Escola Naval para passar a exercer o importante cargo de Comandante do Corpo de
Alunos, para que, com a sua ação padrão exemplar, incutisse nos futuros
oficiais da Armada uma correta formação militar. A sua ação moralizadora e
disciplinadora junto dos Cadetes, sempre alicerçada numa grande dose de
determinação e de persistência, permitiram-lhe efetuar essa desejada
transformação no Corpo de Alunos, conforme o atesta bem o louvor que lhe foi
dado na altura pelo V/Almirante Comandante da Escola Naval.
Em
1996, num quadro de grandes restrições orçamentais, assume o difícil Comando de
uma Esquadrilha de Navios Patrulhas já bastante envelhecida e com mais de 20
Unidades Navais. Usando então de uma política de muito bom senso e sabendo
maximizar a utilização das guarnicões dos Navios da Esquadrilha, conseguiu
cumprir sempre com o planeamento operacional do disposivo superiormente
determinado, unindo todos com determinação à volta da missão, motivo pelo qual
e mais uma vez, os seus serviços então prestados foram louvados como tendo sido
Relevantes e Distintos.
Destacado
outra vez em 1998 para a Escola Naval, mas agora na qualidade do seu 2º
Comandante, vê-se de novo a braços com as limitações orçamentais da Marinha,
que se refletiam nos orgãos de apoio ao ensino que eram da sua responsabilidade
direta, mas que ele soube bem como ultrapassar com eficácia, graças ao seu
grande poder de análise e de síntese e à sua capacidade organizativa.
A
área das infraestruturas da Escola foi também sensivelmente melhorada graças à
sua ação dinamizadora no aproveitamento exaustivo dos recursos com a obtenção
do máximo das dotações e assim, por ter contribuído de uma forma eficaz no
apoio à missão da Escola Naval, o Almirante Chefe do Estado-Maior da Armada,
considerou como tendo sido dado por si próprio o louvor do Comandante da Escola
Naval concedido ao C.te Monteiro Santos, em que foram de novo classificados os
seus serviços prestados, como tendo sido Relevantes
e Distintos.
Em
2001 o C.te Mário Monteiro Santos foi selecionado para tirar o "Curso Superior Naval de Guerra",
com vista à sua preparação para poder vir a ocupar futuros cargos de maior
responsabilidade na Marinha, como corolário lógico da sua distinta Carreira
Naval, sobejamente reconhecida nos seus 17 importantes louvores com que foi
agraciado e pelas suas valiosas medalhas que lhe foram sendo impostas ao longo
da sua distinta vida de Marinha, nomeadamente a "Medalha Militar de Serviços Distintos de Ouro e outras duas de Prata",
as "Medalhas Militares de Mérito de
2ª e 3ª Classe", o "Distintivo
Especial da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito ",
a "Cruz Naval de 2ª Classe",
a "Medalha Militar de Prata de
Comportamento Exemplar" e as duas "Medalhas Comemorativas das Campanhas das Forças Armadas com as Legendas
de Moçambique e da Guiné".
Contudo,
após ter concluído com aproveitamento este importante Curso, passaria à
situação de Reserva em 2002, tendo sido nomeado por escolha em 2003 para dirigir
o Planetário Calouste Gulbenkian em Belém.
Em
Maio de 2004, com verbas da Fundação Calouste Gulbenkian a quem competia fazer a
manutenção do Planetário, conseguiria que ele fosse intervencionado estruturalmente
para a melhoria do seu funcionamento e para a instalação de um novo equipamento
de projeção, que apesar de ser pequeno, é mais potente e tem mais capacidades.
O Planetário
ficou operacional em 2005, beneficiando a partir dessa data principalmente uma vasta
população jovem em idade escolar, que pode assim comodamente aprender e maravilhar-se
ao ver recriado no céu simulado as estrelas do firmamento, o sistema solar, as constelações
e ver a revelação dos muitos mistérios do Cosmos que a nova máquina veio
proporcionar.
Obrigado
Camarada Amigo, por este teu trabalho para a modernização do Planetário
Calouste Gulbenkian.
A
Marinha, reconhecendo-lhe os seus dotes de Ponderação, Bom Senso, Inteligência
e principalmente a sua qualidade de "Saber Ouvir", ainda o viria a
nomear para uma sua útima missão para desempenhar o cargo de Juiz Militar no
Tribunal de 1º Instância nas varas criminais do Porto, cargo esse, que por
deliberação do Conselho Superior da Magistratura, começou a ser por ele desempenhado
a partir Janeiro de 2008.
Mais tarde, já em 2013, passou à Situação de
Reforma.
O
Curso Hermenegildo Capelo sempre te recordará com saudade Camarada Amigo, mas
sobretudo com Muita Admiração também, pela tua Invulgar Brilhante Carreira Militar
ao serviço da Marinha, que eu aqui tive o privilégio de a poder detalhar de
forma resumida para memória futura.
A toda
a tua Família e Amigos e em nome do Curso HC, expresso aqui as nossas mais
sentidas condolências. PR
NOTA: Texto enviado para publicação nos Anais do Clube Militar Naval